quinta-feira, 19 de junho de 2008

As Pétalas da Lua




Querer é poder e eu quero poder querer. O Nada às vezes é tudo e o Tudo nunca pode ser nada. Existem cavalos que nadam por entre o azul e existem peixes que correm por entre o vento. Há pequenas frases que formam grandes livros e pequenos livros que dão origem a grandes frases. Tudo se esfuma no tempo e o tempo tem o prazer de esfumar o vazio de tudo. A gravidade é o que me aprisiona a este chão manchado por sangue e a capacidade de imaginar é o que me liberta dos prisioneiros do sangue da vida.

Vejo a luz passar, ensino o tempo a andar, mas sinto o vazio a ficar. Ninguém consegue deter a minha incapacidade de me afastar do Abismo Desconhecido no qual tenho, cada vez mais, vontade de entrar. Ninguém compreende a batalha com o Passado, a distância do Futuro e a incerteza deste Presente.
Quero prender-me ao que me faz viver, não quero viver ao que me prende.

Livre como as pétalas de uma rosa branca a voar entre namorados, entre cidades e aldeias, a voar por cima das árvores mais altas da Terra, flutuar no mar e acabar junto à lua: é o que quero ser! Quero viver com toda a galhardia, chegar onde nunca ninguém chegou, ver o que nunca ninguém viu, sentir o que nunca ninguém sentiu, viver como nunca ninguém viveu e conhecer o que mais ninguém conheceu. Quero amar e ser amada, quero pintar e ser pintada, quero viver e ser vivenciada.

Quero fazer parte do meu futuro! Quero continuar a ser quem sou sem ser quem sempre fui. Quero fazer parte de uma paisagem sem horizonte, de uma rosa negra, de um olhar transparente, quero fazer parte da lua… da lua solitária e da lua casada. Quero fazer parte de uma rocha flutuante, de um jardim sem terra, de um céu vazio, de um mar terrestre e do tempo parado.
Vou desejar adorar, não amar. Vou conhecer-me a mim, não os outros. Vou ser um medalhão fechado no tempo e não o tempo fechado num medalhão. Vou ser raiz e flor, gato e tigre, vou ser luz e escuridão, trevas e paraíso, vou ter o Sol e ser a Lua. Vou esperar pelo destino, não vou questioná-lo. Vou… vou para onde o vento levar as minhas pétalas.
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3 comentários:

Fatima Freitas disse...

Afinal a imagem é a adequada! Ao reler o texto vi que se complementavam. A Rosa da imagem, tem a cor do sangue e está aprisionada... coma a Lua como cenário!. Não há dúvida que o aprendiz suplanta o mestre.
Ainda bem que existes... e as tuas palavras também!

mv disse...

Já venho um bocado atrasada porque afinal estive a ler o texto várias vezes. De cada vez, via coisas diferentes, adapta-se ao nosso estado de espírito. Isto só acontece com bons escritores e temas universais. Muuuiiito bom, parabéns. Continua.

Anónimo disse...

"rosa e lua
terra e mar
vento e chuva
luz a passar"

Tudo isto está em ti, porque tu és tudo isto, TT.
assim te vejo, assim te tenho e tu sabes... continua, leva bem alto o teu jogo de palavras!!!

Especificamente para ti uma das minhas últimas composições:

é quando as palavras
seguem por debaixo de água

sobre
um círculo de pássaros e chamas

que o sonho é
concreto na madeira da guitarra

ebb - o intruso