sábado, 28 de fevereiro de 2009

Aurora do Sentir


Acordei nos braços de um beijo proibido. Desmaiei na leviandade da alma. O corpo queria saciar a sua sede de inconsciência e o espírito desejava complementar-se encontrando-se. Os nossos olhos procuravam-se na ignorância do consciente, mas nós… continuávamos a ignorar a consciência de que nos encontraríamos dentro das pálpebras do sentir.

Até ao momento em que o fim de um olhar foi o inicio de um beijo. Esqueci-me do que via e dediquei-me ao que vivia. Estava nos braços de algo, que já não era proibido.
O dia esclareceu dúvidas, o diálogo apaziguou confusões, o sentimento desabrochou sem se preocupar com o inverno. A tua boca conheceu a minha, os meus ouvidos conheceram significados novos para as palavras de sempre, o meu pensamento conheceu uma nova forma de pensar… pensar num pensamento não viciado e íntegro.

A noite fez suscitar sensações, desejos de posse e de carinho, fez-me lamentar a tua ausência e reverenciar a tua presença, fez-me SENTIR-TE! Encostei-me à tua cara fria, apertei a tua camisola pressionando-te contra mim, a tua boca procurou o meu pescoço e um súbito arrepio estremeceu no meu corpo. Não era do frio! Mas sim da forma como os teus lábios conheceram o sabor do meu perfume, ali, naquela rua estupidamente fria e exposta. Trocamos palavras invejáveis, toques calculados e elogios seguidos de beijos físicos e intensos. E lá estava eu, nos braços de um beijo…

A madrugada alimentou sonhos idealizados, acalentou a união das nossas almas e a intensidade dos nossos corpos transpirados de desejo. O Sol ofuscou a lembrança desses sonhos, mas sem êxito, visto que quando acordávamos o sonho perdurava no real…

E aqui estou, esquecida dos momentos libertinos, colhendo tudo o que posso viver acompanhada… de ti! Estupefacta por saber que, afinal, SEI AMAR.

Que dirá o novo dia? Ninguém sabe. Só o final de um capítulo analisado narrará, não o que é passado, mas o que está antes do ponto de situação. Até lá, desejo que tudo em nós perdure… que o beijo me acorde, para sempre, na aurora do sentir.

1 comentário:

mv disse...

que texto tão bonito, tão poético...
os sentimentos descritos com tanta intensidade e ao mesmo tempo de forma tão discreta.
espero que a felicidade continue e continue...